
A China tem investido cada vez mais em campanhas de influência nas redes sociais contra os Estados Unidos, muitas vezes com o objetivo de melhorar sua imagem internacional e, em alguns casos, criticar os Estados Unidos. Isso acontece de duas formas principais:
Contas falsas e operações coordenadas: O governo chinês, por meio de grupos ligados ao Partido Comunista, organiza campanhas usando perfis falsos em redes como Twitter (X), Facebook, YouTube e TikTok. Essas contas compartilham mensagens favoráveis à China e críticas aos EUA, principalmente sobre temas polêmicos como eleições americanas, direitos humanos e conflitos geopolíticos. Essas campanhas são conhecidas por tentarem gerar desconfiança, polarização e até confusão no público.
Uso de influenciadores estrangeiros: Outra tática é o patrocínio ou incentivo a influenciadores estrangeiros, especialmente os que moram na China. Esses criadores de conteúdo muitas vezes publicam vídeos elogiando a vida no país, destacando avanços tecnológicos, segurança e qualidade de vida. Ao mesmo tempo, evitam tocar em temas delicados como censura, repressão em Hong Kong ou a situação dos uigures. Alguns deles chegam a criticar abertamente os EUA, comparando de forma negativa com o modelo chinês.
Essa estratégia é parte de uma disputa global por influência. A ideia da China é fortalecer sua narrativa no cenário internacional, ao mesmo tempo que tenta minar a imagem e a credibilidade dos EUA e de países ocidentais.
Se quiser, posso te dar exemplos de influenciadores envolvidos ou mostrar como essas campanhas se espalham pelas redes.
Nos últimos anos, a China tem passado por uma desaceleração econômica que vem afetando diretamente a indústria e os trabalhadores. O fechamento de fábricas, principalmente nas áreas de manufatura e exportação, tem sido um reflexo dessa crise. Muitos desses fechamentos são causados por uma combinação de fatores, como:
Redução da demanda global por produtos chineses.
Aumento das tensões comerciais com os Estados Unidos e outros países.
Migração de fábricas para países com mão de obra mais barata, como Vietnã e Índia.
Impactos duradouros da pandemia e lockdowns prolongados em várias regiões da China.
Com o fechamento de fábricas, milhares de trabalhadores estão sendo demitidos, muitas vezes sem compensação justa. Isso tem levado a um aumento significativo no número de protestos e greves. Em 2023, houve mais do que o dobro de manifestações trabalhistas em relação ao ano anterior. Os trabalhadores protestam principalmente contra:
Demissões em massa sem aviso prévio.
Atraso ou não pagamento de salários.
Más condições de trabalho e falta de representação sindical verdadeira.
Esses protestos têm surgido em diversos setores, como construção civil, indústria têxtil, eletrônicos e até em serviços de entrega e tecnologia.
Apesar disso, o Partido Comunista Chinês (PCC) reage com firme repressão. O governo monitora e censura redes sociais para impedir a divulgação dos protestos e controla rigidamente qualquer tentativa de organização sindical independente. Os sindicatos existentes são todos ligados ao Estado e raramente defendem os trabalhadores contra empresas ou o próprio governo.
Além das manifestações trabalhistas, também têm surgido protestos mais amplos e raros contra o próprio regime do PCC — como aconteceu durante os protestos do “papel em branco” em 2022, que começaram contra as políticas de “COVID zero” e evoluíram para críticas diretas à repressão política.
Esse ambiente de insatisfação crescente mostra que, apesar do controle rígido do Estado, existe uma tensão social latente que pode aumentar se a economia continuar a enfraquecer.
Aqui vão alguns casos específicos recentes que mostram como a crise econômica e a repressão estão gerando tensão dentro da China:
📍 Caso 1: Fábrica de calçados Yangzhou Baoyi
Em dezembro de 2023, uma fábrica de calçados na cidade de Yangzhou, financiada por empresários de Taiwan, anunciou que fecharia as portas. Mais de mil funcionários foram demitidos de repente e sem compensação adequada. Os trabalhadores iniciaram uma greve e protestaram em frente à fábrica, exigindo seus direitos. A polícia foi chamada para dispersar os manifestantes, e alguns líderes da mobilização foram detidos.
Esse tipo de situação tem se repetido com frequência, especialmente em fábricas voltadas para exportação.
📍 Caso 2: Protestos de entregadores de aplicativos
Os trabalhadores de entrega por app — tipo motoboys e ciclistas — também têm protestado por melhores salários e contra as condições de trabalho abusivas. Com a inflação aumentando e os apps pagando menos por entrega, muitos desses trabalhadores vivem no limite. Em algumas cidades, eles organizaram greves-relâmpago, bloqueando centros de distribuição.
Mesmo sendo manifestações pequenas, o governo trata com bastante rigidez, monitorando os grupos em redes sociais e intimidando os organizadores.
📍 Caso 3: Protestos do “papel em branco” (2022)
Esse foi um momento histórico. Após um incêndio mortal em um prédio em Urumqi (Xinjiang), atribuído às rígidas regras de lockdown, milhares de pessoas saíram às ruas em várias cidades do país. Como não podiam protestar diretamente contra o governo, muitos carregavam folhas em branco — simbolizando censura.
O protesto começou contra a política de “COVID zero”, mas rapidamente se transformou em algo maior: as pessoas gritavam palavras de ordem contra o Partido Comunista, pedindo mais liberdade. Foi um dos maiores levantes populares desde o massacre da Praça da Paz Celestial (1989). A repressão veio forte, com prisões, censura total na internet e vigilância sobre todos os envolvidos.
📉 O pano de fundo disso tudo:
O desemprego juvenil ultrapassou 20% em alguns períodos.
Pequenas e médias empresas estão quebrando em ritmo acelerado.
Jovens altamente qualificados estão aceitando empregos de baixa remuneração por falta de oportunidade.
A população sente que há uma estagnação social e econômica, o que gera frustração acumulada.
