
Como andam as negociações de Trump com a Rússia e Ucrânia em 2025?
EUA dizem que vão abandonar acordo de paz entre Rússia e Ucrânia se discussões não avançarem em breve
Os Estados Unidos afirmaram que podem abandonar os esforços para intermediar um acordo de paz entre Rússia e Ucrânia caso não haja avanços significativos nos próximos dias. A declaração foi feita pelo secretário de Estado, Marco Rubio, durante uma coletiva em Paris nesta sexta-feira, 18 de abril de 2025.
Rubio disse que, apesar do presidente Donald Trump ainda ter interesse em alcançar um acordo, a paciência do governo norte-americano está se esgotando. A falta de progresso nas negociações, combinada com a intensificação dos ataques russos em cidades como Kharkiv e Sumy, tem aumentado a frustração em Washington.
As últimas propostas dos EUA para o acordo incluem o congelamento das linhas de frente e a exigência de que a Ucrânia não entre para a OTAN — condições que o governo ucraniano considera inaceitáveis. Além disso, os EUA têm reduzido o envio de ajuda militar e inteligência à Ucrânia, adotando uma postura mais conciliatória em relação à Rússia.
Um novo encontro está agendado para ocorrer em Londres nos próximos dias, e Rubio indicou que esse pode ser o momento decisivo para determinar se o processo de paz continua ou será encerrado.
A França, por sua vez, disse que as negociações em Paris mostraram unidade entre os EUA, a Europa e a Ucrânia, e reforçou a importância de manter a pressão sobre Moscou para alcançar uma solução pacífica e duradoura.
Após EUA ameaçarem deixar acordo de paz na Ucrânia, Rússia acusa Washington de dificultar diálogo
Após a ameaça dos Estados Unidos de abandonarem os esforços de mediação por um acordo de paz entre Rússia e Ucrânia, o Kremlin reagiu com fortes críticas, acusando Washington de dificultar o diálogo diplomático. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que, apesar de alguns progressos limitados nas negociações, os contatos com os EUA continuam sendo extremamente complicados.
Peskov reforçou que a Rússia ainda está comprometida com uma resolução pacífica do conflito, mas ressaltou que as comunicações com os norte-americanos têm sido desafiadoras e pouco produtivas.
Já a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, foi mais dura. Ela disse que, até o momento, não houve qualquer contato oficial com os EUA sobre as negociações de paz, e acusou Washington de estar deliberadamente impedindo seus representantes em Kiev de manter qualquer tipo de diálogo com Moscou.
Essas declarações vêm na esteira da fala do secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, que alertou que os Estados Unidos deixarão o processo de negociação se não houver avanços concretos nos próximos dias. Segundo ele, a paciência americana está chegando ao limite diante da estagnação nas conversas e da continuidade dos confrontos.
Por sua vez, a Rússia mantém exigências que continuam sendo grandes obstáculos: que a Ucrânia desista de ingressar na OTAN e que aceite a cessão de territórios atualmente ocupados pelos russos. Com ambas as partes se acusando mutuamente de bloquear as conversas, o clima para um avanço real nas negociações segue extremamente tenso.
Como Putin tem conseguido enrolar Trump para o cessar-fogo na Ucrânia
O presidente russo Vladimir Putin tem adotado uma estratégia eficaz para adiar um cessar-fogo definitivo na Ucrânia, mesmo diante da crescente pressão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, por uma resolução rápida do conflito.
Estratégias de Putin para postergar o cessar-fogo
Concessões parciais e promessas vagas: Putin concordou, em princípio, com propostas de cessar-fogo limitadas, como a suspensão de ataques a infraestruturas energéticas, mas evita compromissos mais amplos. Isso permite que ele mantenha a iniciativa militar enquanto aparenta disposição para negociar.
Exigências que dificultam o acordo: A Rússia insiste que a Ucrânia renuncie à adesão à OTAN, reduza suas forças armadas e aceite a perda de territórios ocupados. Essas condições são inaceitáveis para Kiev, o que impede avanços nas negociações.
Aproveitamento da impaciência de Trump: Trump tem demonstrado frustração com a lentidão das negociações e já ameaçou abandonar os esforços de paz se não houver progresso em breve. Putin parece explorar essa impaciência, aguardando possíveis concessões adicionais dos EUA.
Manutenção da pressão militar: Apesar das conversas de paz, a Rússia continua realizando ataques em cidades ucranianas como Kharkiv e Sumy, mantendo a pressão sobre a Ucrânia e reforçando sua posição nas negociações.
Consequências dessa abordagem
A estratégia de Putin tem gerado críticas tanto de aliados ocidentais quanto de setores dentro dos EUA. Enquanto Trump busca uma resolução rápida, a falta de avanços concretos e as exigências russas têm dificultado a obtenção de um acordo duradouro. A próxima rodada de negociações, prevista para ocorrer em Londres, será crucial para determinar os rumos do processo de paz.
Em resumo, Putin tem conseguido adiar um cessar-fogo abrangente na Ucrânia ao combinar concessões limitadas com exigências difíceis de aceitar, explorando a urgência de Trump por uma solução rápida e mantendo a pressão militar sobre o território ucraniano.
